Secondavera

Perder-se isolada pelos gomos de verdade distribuídos sobre a mesa. Incapaz de conter as linhas que vão sendo rabiscadas na palma da mão. Observo-te, distante. Cada perímetro que me separa do inconsciente que te absorve. Um a um, dois de uma vez. Um equilíbrio desequilibrado na corda bamba. Prestes a tombar sobre o vazio.
Sonho-te, desejo-te numa utopia mal amanhada. Permito que me provoques sensações do não-ser-sendo. Desdobras o mapa que sou e assinalas, sem pudor e num azul arranhado, os caminhos que vais percorrer. Fico impávida.

Derramo as pétalas da tua flor ainda em fase de nascença. Confundo-me na clorofila das tuas folhas e imploro pelo equinócio do nosso Outono. Assim caímos juntos, sem alma, no chão que não nos conhece. E deixar-nos-emos pisar, só para sentir o estalar do velho sobre o novo.

Será o fim de manhã-tarde-noite de sempre. Aliás, como sempre.

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