Meio dia

Na rua esguia e rugosa, os pés perfilam-se zangados pelo aperto do relógio que aponta para as 12:00. A virtude do dia não permite que os olhares se encaixem como embalagens de fruta expostas nas vitrinas das lojas. É o sol que lança sobre o escudo dos postes e dos muros raios escaldados que amarelecem as sombras escondidas. Rostos esbatidos voltados para a plataforma de paralelos desordenados, quebrando com a serenidade perturbadora dos braços pousados sobre as grades das varandas, casa sim, casa não. Toc, toc. O salto a galope da senhora lábios rosa choque. Trim Trim. O choro da campainha quando lhe tocam no dói dói.

Ainda há lugar para ti na mesa. Haverá sempre.

1 comentário:

Anónimo disse...

bom voltar a ver-te por cá. as sementes sabem muito bem.